A eleição de 2020 confirmou, mais uma vez, a força do PP (ou Progressistas) e do MDB na região. Os dois partidos conseguiram eleger o maior número de prefeitos entre os 38 municípios na área de cobertura do Diário. O MDB lidera a lista, com 13 prefeituras, seguido pelo Progressistas, com 9. Ao mesmo tempo, em comparação com a eleição de quatro anos atrás, alguns partidos perderam força e outros ganharam. Quem sai fragilizado, assim como ocorre no restante do país, é o PT. O partido caiu de três prefeituras para apenas uma, em Ivorá. Por outro lado, o PDT cresceu e passou de seis prefeituras, em 2016, para oito, em 2020.
Em meio a esse movimento, há os partidos que não elegeram ninguém para o Executivo em 2016. E, agora, conseguiram a vitória nas urnas para estar à frente de prefeituras. É o caso do DEM, PL e PSDB.
Além disso, pelo menos 16 prefeitos da região alcançaram a reeleição.
MUNICÍPIOS POR PARTIDO
PARCERIAS
Os eleitos poderão contar, até janeiro de 2023 – quando terminam os mandatos do Legislativo -, com os deputados federais da bancada gaúcha para buscar emendas parlamentares, ou seja, recursos financeiros, para investir nas cidades. Ao contrário do que se observa entre as prefeituras da região, a legenda do Rio Grande do Sul com maior número de deputados na Câmara Federal é o PT, com cinco representantes. No entanto, depois, aparecem MDB, com quatro, e Progressistas, PDT e PTB, com três cada.
Ser do mesmo partido, geralmente, facilita o acesso dos prefeitos e, até mesmo, vereadores aos gabinetes dos deputados. As viagens dos chefes dos Executivos municipais a Brasília ocorrem quando eles precisam de apoio para tirar do papel ou dar sequência a alguma demanda da comunidade.
Pode não ser de conhecimento comum da população, mas há verbas que dependem exclusivamente de emendas feitas por deputados a projetos no âmbito federal, por exemplo. Nem todas as demandas são contempladas pelos recursos do orçamento municipal.
ASSEMBLEIA
Na Assembleia Legislativa, a parceria entre os partidos também vale. Afinal, sempre é bom contar com influência política nas mais variadas instâncias. No Legislativo do Estado, PT e MDB também dominam, com oito cadeiras cada, seguidos por PP, PTB, PDT e PSDB.
Chama atenção o fato de o PT ter tido melhor desempenho na disputa por cargos parlamentares do que executivos, levando em conta as eleições nacionais e estaduais de 2018 e as municipais de 2020.
Prefeitura mantém regras da bandeira vermelha, mas aumenta horário do comércio
OS NOMES DOS ELEITOS
MDB
Cacequi – Ana Paula Mendes Machado Delolmo (MDB)
Cruz Alta – Paula Librelotto (MDB)
Dilermando de Aguiar – Claiton Ilha (MDB) (reeleito)
Dona Francisca – Olavo Jose Cassol (MDB)
Formigueiro – Jocelvio Cardoso, o Xirú (MDB) (reeleito)
Jaguari – Beto Turchiello (MDB) (reeleito)
Jari – Nei Azeredo (MDB)
Nova Palma – Andre Rossato (MDB) (reeleito)
Restinga Sêca – Paulo Ricardo Salerno (MDB) (reeleito)
Santana da Boa Vista – Garleno Alves (MDB)
São Francisco de Assis – Paulo Renato Gambá (MDB)
São João do Polêsine – Matione Sonego (MDB) (reeleito)
Silveira Martins – Fernando Cordero (MDB) (reeleito)
PP
Faxinal do Soturno – Clovis Montagner (PP) (reeleito)
Mata – Rogerio Kuhn (PP)
Pinhal Grande – Lucas Michelon Dodão da Rádio (PP)
Santa Margarida do Sul – Olmiro Ricardo Teixeira (PP)
Santiago – Tiago Gorski (PP) (reeleito)
São Vicente do Sul – Fernando da Rosa Pahim (PP)
Toropi – Lauro Scherer (PP) (reeleito)
Tupanciretã – Gustavo Terra (PP)
Unistalda – Gilnei Manzoni (PP)
PDT
Caçapava do Sul – Giovani Amestoy da Silva (PDT) (reeleito)
Itacurubi – Gelso Soares (PDT)
Lavras do Sul – Sávio Prestes (PDT) (reeleito)
Nova Esperança do Sul – Ivori Júnior (PDT)
Paraíso do Sul – Artur Ludwig (PDT) (reeleito)
Rosário do Sul – Vilmar Oliveira (PDT)
São Sepé – João Luiz Vargas (PDT)
Vila Nova do Sul – Sérgio Coradini (PDT)
PL
Agudo – Kittel (PL)
São Gabriel – Rossano Gonçalves (PL) (reeleito)
DEM
Quevedos – Neusa Nickel (DEM) (reeleita)
São Martinho da Serra – Robson Trindade (DEM)
PSB
Itaara – Padre Silvio Weber (PSB)
PT
Ivorá – Saulo Piccinin (PT)
PSDB
Júlio de Castilhos – Bernardo Dalla Corte (PSDB)
PTB
São Pedro do Sul – Ziania Bolzan (PTB) (reeleita)
PREDOMINÂNCIA DE ALGUNS PARTIDOS TEM RAZÃO HISTÓRICA, DIZ PESQUISADOR
De acordo com o professor de Ciência Política da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Cleber Ori Cuti Martins, há vários motivos para o predomínio de MDB e PP nas eleições municipais. Um deles é a evolução histórica dos partidos.
Entre 1965 e 1980, o MDB (depois PMDB e, novamente, MDB), e a Arena (depois PDS, PPR, PPB e PP) foram as únicas legendas do sistema bipartidário definido pelo regime militar, que vigorou de 1964 a 1985. Desta forma, as siglas se enraizaram no âmago das cidades e estabeleceram diretórios, lideranças e a base eleitoral como um todo.
– É importante ressaltar, todavia, que esse fenômeno ocorre, em termos gerais, mais nos municípios médios e pequenos, tendo um desempenho menor nos municípios grandes – pondera o docente.
Conforme Martins, os dois partidos possuem posições políticas de caráter mais conservador, ainda que com pequenas diferenças entre eles. E a referência política da população, ao longo do tempo, se torna as lideranças da cidade, que exercem influência decisiva para o fenômeno.
– O caráter mais personalista da relação política com o eleitorado, com lideranças de trajetórias longas e posições com mais visibilidade em nível local e regional, também tende, em municípios menores, a ter elementos que geram graus de lealdade e, inclusive, familiaridade – comenta Martins.
Outro ponto ressaltado pelo cientista é que, apesar do bom desempenho nas eleições municipais e estaduais, MDB e PP não conseguem lançar candidaturas competitivas para a presidência.
10 novos leitos do Regional entram em funcionamento nesta quinta-feira
REDUÇÃO
Sobre o encolhimento do PT – que não conquistou a prefeitura de nenhuma capital do país em 2020 -, Martins diz que o fato de o partido não estar mais no governo federal contribui para o desempenho ruim nos últimos dois pleitos municipais. Ele acredita que o desgaste do processo de impeachment de Dilma Rousseff e o contexto da administração petista, que contou com diversos escândalos de corrupção, também podem explicar a redução de prefeituras obtidas pelo PT, embora, na opinião dele, não seja o único motivo.
– A rigor, quase todos os partidos possuem casos de uso indevido dos recursos públicos, situação que gera desgaste diante do eleitorado. Por exemplo, MDB e PP também possuem uma série de denúncias e ambos integraram os governos de Lula e Dilma – finaliza.
*Colaborou Rafael Favero